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O "jugo" de Jesus

Ev. Josias Silva

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11:28)


Havia na época de Jesus várias escolas rabínicas, dentre elas, as mais famosas eram as de Hillel e Shammai, e, cada uma delas tinham suas interpretações da Tora; isto é, a Lei de Moséis. Muitas das interpretações dessas leis eram demasiadas pesadas e de difícil cumprimento, os escribas e os fariseus (casta judaica que discutiam a cerca dos mandamentos mosaicos, e acrescentavam ainda a tradição oral, frequentemente chamados de “hipócritas” por Jesus), eram os responsáveis por “salvaguardar” essas regras para que ninguém as transgredissem, estando sob a autoridade do Sinedrio – (conselho tribunal da religião de Israel).

Jesus adverte os seus discípulos e a todos que o ouviam, que a doutrina dos que se assentavam no lugar de Moisés – escribas e fariseus -, consistia somente em mandamentos e regras ‘pesadas’ que nem mesmo os seus idealizadores cumpriam.“Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los” ( Mt 23:4 ).

Para estes, – que viviam sob o “jugo” desses religiosos, que faziam da religião um meio de sobrevivência e a hipocrisia de serem os “guardiões” dos ditames de Lei de Moisés, estando com os corações podres voltado aos seus interesses (Cf. Mt 23:27-32) -, Jesus oferecia um novo jugo. Cabe salientar que o “jugo” do grego Ζυγός usado por Jesus de maneira metafórica, era o que se usava em cima dos bois, conhecido também como “canga” que se põe sobre o pobre bicho que sofre levando fardos, para manter a sobrevivência de seu dono, que o usa para um trabalho que podia se equiparar a escravidão. Aliás a palavra Ζυγός também pode ser usada para “escravo”

Mas, a palvra “jugo” na realidade, também pode ser usada como um conjunto de ensinamentos, ou seja, quando Jesus diz “meu jugo é suave” está dizendo como um Rabino com sua própria escola de interpretação da Lei, por isso o chamavam de Mestre “Rabi”; daí a forma de Jesus ensinar dizendo aos seus discípulos “Tomai sobre vós o meu ‘jugo’, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” (Mt 11:29).

Lembrando que esse povo (e aqui digo “povo” de maneira superficial e genérica, pois as classes sociais eram bem mistas), já sofria por questões socioeconômicas dada a opressão do governo romano que deixava a grande maioria em condições de flagelo. Jesus era a opção para um povo excluído da sociedade que, mesmo pagando os tributos ao Estado romano e os dízimos do templo, como não faziam parte do topo das camadas hierárquicas, eram oprimidos por seus colonos e pela religião de um Deus iracundo, que exigia perfeição, muito distante do Deus-Abba (paizinho) que Jesus anunciava.

O Deus de Jesus, anunciado com a vinda do seu Reino, chamava os cansados e oprimidos, amava o mais vil pecador, justificava o publicano, a prostituta, o samaritano (inimigo dos judeus) e condenava os da religião do aparente. Nas palavras de R. Petter:


O Deus de Jesus assume o humano a tal ponto que liberta o homem da exigência de ser como Deus. Deus contém em si, agora o máximo de humanidade. Deus encontra-se imerso no humano. O ‘Reino’ de Jesus não requer seres excepcionais, melhores que o ‘resto dos homens’, que se preocupam em ser por eles contaminados.


Em suma, Jesus quer trocar nossas cargas, nossos fardos, dando-nos uma nova interpretação das Escrituras oposto do que a religião da “perfeição” meramente humana impõe. Nos dando alívio e liberdade nEle, para que percebamos que servir a Deus não é dor, não é obrigação, mas antes, é prazer e descanso para a alma. Por mais que haja esforços e por vezes sofrimentos, Ele nos convida a tomar sobre nós o Seu jugo que é que leve, o mesmo não acrescenta dores, não aprisiona, mas liberta. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mt 11:30). Diz o Mestre dos mestres.

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