Estudo Bíblico por Ev. Josias Silva
O Espírito é a força que infunde as energias necessárias para vida renovada, restaurada e no final plenamente realizada […] A força do Espírito é força de vida. Ela produz vida e faz com que nós também possamos produzir vida.1
“Prólogo”
Em dada pesquisa sobre o tema: “O Espírito Santo” (Doravante, “ES” em alguns lugares desse texto), notamos que são poucos os teólogos, nos séculos passados, que se pré-dispuseram ao estudo sistemático do ES, (não queremos dizer devocional, pois estudos devocionais, há vários livros e artigos nainternet). Houve uma escassez de estudos sistemáticos sérios a respeito do assunto. Na Historia da Igreja, e.g., entre os Pais Capadócios, como Basílio de Cesareia, em seu “Tratado Sobre o Espírito Santo”, havia uma preocupação de provar a divindade do Espírito Santo, mas não um estudo detalhado de sua pessoa; Agostinho também, tratará da “Trindade”, mas não do ES, em si. No período da Reforma, o próprio Calvino, conhecido como “O teólogo do Espirito Santo”, não escreveu nenhuma obra exclusiva a respeito do mesmo. O ES parece que andou meio esquecido na Historia da Igreja.
Nessa afirmação e observação, não estamos só o Dr.Hermisten diz: “A pessoa do Espírito Santo têm sido esquecida! Talvez nosso século tenha sido um dos mais omissos quanto ao Espírito Santo.”(In: Creio no Pai no Filho e no Espírito Santo, p.382). Claro que, Hermisten ao dizer isso do presente século, esta se referindo a maneira que muitos entendem o agir do ES; pois hoje, com o crescimento vertiginoso do Pentecostalismo, esta havendo um interesse maior pelo estudo do mesmo, principalmente pelas igrejas protestantes históricas.
Talvez a razão para esse dado, seja pelas controvérsias ao longo do pensamento cristão, como, e.g., o movimento de ênfase na “doutrina do Espírito Santo” por Montano, ele que era exageradamente dado ao mover do Espírito2, se intitulando “o profeta”, no séc.II d.C, e no movimento holiness, no séc. XX3. Porem, infelizmente, não aprofundaremos nestas questões históricas, mas para tanto, basto-nos saber dessa realidade sobre o assunto. Aqui faremos apenas uma introdução sobre o tema. (Para saber um pouco sobre “Os movimentos do ES” que acabamos de citar, vide o rodapé no fim desse artigo).
Introdução
Uma das grandes maravilhas que podemos estudar na teologia, é a pneumatologia, ou seja, a doutrina do Espírito Santo. Ainda que por muitos esquecida, pois, como já citamos, foram poucos que se preocuparam com a doutrina do Espírito Santo em quase toda a história da igreja. Em contrariedade a isso, Elienai Cabral afirma: “…a ênfase dada a essa doutrina fortalece a crença nas demais, porque esta é o motor que dinamiza a Igreja, que a faz andar e cumprir o seu papel missionário no mundo.” 4
Adentraremos, de aqui em diante, nesse tema que é de suma importância para a Igreja de Cristo, que somos nós. Nos últimos anos tem se falado muito sobre os movimentos do Espírito, principalmente no presente momento, já que o pentecostalismo no Brasil está comemorando seu centenário. Tentaremos nesse sucinto e simples estudo, traçar em poucas linhas, a atuação do Espírito Santo no Antigo, no Novo Testamento e algumas considerações sobre o assunto. Não pretendemos exaurir o assunto – que é muito complexo -, e nem temos competência teológica faze-lo, trata-se apenas de um esboço de como o Espírito Santo trabalhou e trabalha desde a fundação do mundo até os dias de hoje.
O Espírito Santo
Ao lermos os primeiros capítulos de Gênesis, já nos deparamos com o agir do Espírito Santo: “O Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, (Gn 1: 2a). Daremos apenas uma definição simples da palavra “espírito”, para depois adentrarmos no campo de sua atuação propriamente dito. A palavra espírito vem do grego “pneuma” e do Hebraico “ruach”; grosso modo, significa “hálito” ou “vento”. Segundo a definição de John Davis: O Espírito Santo é o princípio ativo, operando no mundo, executando a vontade de Deus.5 Há quem pense que a atuação do Espírito Santo se deu somente no período Neo-testamentário, como vemos em Atos 2 no dia de Pentecostes. Mas sua existência e o seu agir são desde sempre – desde a criação do mundo ele já estava presente. No Antigo Testamento já podemos vê-lo em ação, fazendo maravilhas e proezas.
Sábias são as palavras do Dr. Denio quando escreveu a respeito do Espírito Santo: O Espírito Santo, como Divindade inseparável em toda a criação, manifesta a sua presença pelo que chamamos as leis da natureza. Ele é o princípio da ordem e da vida, o poder organizador da natureza criada. Todas as forças da natureza são apenas evidências da presença e operação do Espírito de Deus. As forças mecânicas, a ação nervosa a inteligência e a conduta moral são apenas evidências da imanência de Deus, da qual o Espírito Santo é o agente.6
O Espírito Santo não é um simples mensageiro de Deus, pelo contrário, Ele é uma pessoa com sentimentos e virtudes. “Ele opera os atos próprios da pessoabilidade. Aquele que sonda, conhece, fala, testifica, revela, convence, manda, luta, ouve, auxilia, guia, cria, recria, santifica, inspira, intercede, ordena os negócios da Igreja, opera milagres, ressuscita os mortos – não pode ser uma simples força, influência e fluxo, ou atributo de Deus, mas deve ser uma pessoa.”7. Mesmo que não seja nosso intuito discutirmos a questão da doutrina trinitária aqui, é bom lembrarmos que, para nós que cremos no dogma da Trindade,8 sabemos que é Ele quem compõe a terceira pessoa da Trindade, logo, seria: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O reconhecemos como Deus – é como a água e seus estados físicos: sólido, líquido e gasoso; porém todos são compostos da mesma essência. “O espírito Santo é uma pessoa divina, igual ao Pai e ao Filho que coexiste na Trindade com a mesma essência divina.” 9
O Espírito Santo no Antigo Testamento
Para traçarmos um esboço da atuação do Espírito Santo no Antigo Testamento, podemos classifica-las seguindo o esquema de M. Pearlman, em três maneiras: O Espírito criador, Espírito dinâmico que produz e Espírito regenerador.10
1. Espírito criador
Ele já estava na criação do mundo. A Bíblia diz que Ele pairava sobre a face das águas (Cf. Gn 1.2; Jó 26.13; Sl 33.6; 104:30). Mesmo as pessoas que não creem em Deus, são sustentadas e criadas pelo poder do Espírito Santo de Deus. É o que os teólogos chamam de “graça comum” (mesmo em meio à maldade do mundo, o bem de Deus existe para todos)11. Mas isto está no campo da soterologia (doutrina da salvação) e não é nossa intenção discuti-lo aqui. Em Gênesis, vemos Deus soprando o fôlego de vida (pneuma) no homem ( Jó 33.4; Gn 6.17; 7.15).
2. Espírito dinâmico que produz
O Espírito criou o homem com a intenção de formar uma sociedade governada por Deus, mas o pecado, através de Adão, se opôs aos desígnios de Deus (2 Cr 13.8). Porém Deus recomeçou a humanidade chamando Israel sob suas leis, que foram dadas a homens inspirados pelo Espírito Santo para fazerem a vontade de Deus.
a) Obreiros para Deus.
Homens que foram inspirados pelo Espírito Santo de Deus, como: Josué ( Nm 27.8-21), Otoniel ( Jz 3.9-10), Moisés (Nm 11. 16,17), Gideão ( Jz 6.34), entre outros. Em exemplos como esses, vemos o poderoso agir do Espírito Santo já no Antigo Testamento;
b) Locutores de Deus.
Chamamos de locutores os profetas que falavam em nome de Deus, transmitindo sua mensagem (mensagem de Deus) para o povo de Israel. Era o próprio Espírito Santo que capacitava-os para tal tarefa. “O espírito de Deus é a força motivadora na inspiração dos profetas – aquele poder que, às vezes, levava as pessoas ao êxtase e, sempre à revelação da mensagem de Deus, expressa pelos profetas mediante as palavras ‘assim diz o SENHOR’ “(1 Sm 2.27; 1 Rs 12.22; ) 12
Como vimos, o Espírito Santo de Deus já atuava de maneira poderosa no Antigo Testamento, através dos profetas e dos sinais miraculosos. Para finalizar esse simples esboço da atuação do Espírito Santo no Antigo Testamento, mencionaremos uma promessa muito conhecida por todos nós, profetizado pelo profeta Joel: E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne,e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito ( Jl 2.28,29).
O Espírito Santo no Novo Testamento
Já vimos alguns pontos importantes da atuação do Espírito Santo no Antigo Testamento, em sua participação na criação do mundo, sua inspiração nas palavras dos profetas, nos atos e todos os homens que Deus escolhera para realizar seus propósitos. Continuaremos nosso estudo vendo a ação poderosa do Espírito Santo no Novo Testamento. Logo nos Evangelhos, já é visto a unção do Espírito Santo sobre a vida de Jesus. Em Mateus 3.16 vemos a descida do Espírito Santo sobre Jesus, ao ser batizado por João Batista, como um sinal de aprovação de que Ele era o Messias. O próprio João testifica: “Vi o Espírito descer do céu como uma pomba e repousar sobre Ele” (Jo 1.32). O Espírito Santo também capacitou aos discípulos de Jesus com dons que serviriam tanto para sua própria edificação, como, mais tarde, para a da Igreja.
Poderíamos citar vários tópicos para falar do Espírito Santo no Novo Testamento, no entanto, utilizaremos alguns poucos subtítulos de uma maneira simples, num esquema semelhante ao usado por Wayne Grudem para falar do Espírito Santo no Novo Testamento.13
1. O Espírito Santo purifica
Uma dos principais atributos do Espírito Santo é ser Santo; logo, não é difícil de entender porque, quando Ele passa a habitar em nós, uma de suas tarefas é nos santificar e nos tornar mais parecidos com Deus. Sua grande missão no mundo é convencê-lo do pecado (Jo 16. 8-11), pois o mundo jaz no maligno e, consequentemente, está entregue aos prazeres da carne e repleto de pecado. Isaías 59.2 diz que o pecado faz divisão entre Deus e o homem. O Espírito Santo vem sobre a vida do homem para lavá-lo, purifica-lo e torna-lo conhecedor da obra redentora de Cristo. “Aparentemente, é essa obra de lavagem e purificação realizada pelo Espírito Santo que é simbolizada pela metáfora do fogo quando João Batista diz que Jesus batizava as pessoas ‘com o Espírito Santo e com fogo’ (Mt 3.11; Lc 3.16)” 14
O reverendo Hermisten diz que: “O Espírito Santo é comunicador da graça. Esse ministério tem início quando ele nos leva a aceitar a mensagem de perdão dos nossos pecados. O Espírito Santo anuncia que chegou o tempo da salvação, caracterizando pelo perdão para todos os que se arrependem de seus pecados”.15
2. O Espírito Santo revela
Assim como vimos o Espírito Santo inspirando os profetas no Antigo Testamento, o mesmo ocorre no Novo Testamento com os Apóstolos, como é o caso de João que falou “as coisas que hão de vir” (Jo 16.13; cf. Ef 3.5). Podemos citar exemplos de outros que receberam a revelação dada pelo Espírito Santo para cantarem e falarem palavras que passaram a fazer parte das Escrituras como é o caso de Isabel (Lc 1.41), Zacarias (Lc 1 .67) e Simeão.
3. O Espírito Santo dá evidências da presença de Deus
O Espírito o tempo todo evidência a glória de Jesus e não traz glória para si, assim como o próprio Jesus não se autoglorificou. Há várias passagens bíblicas que evidenciam isso (Jo 16.14; At 5.32; 1Jo 2.3; 1Jo 4.2). Foi Ele quem operou milagres através da vida de Jesus. E Jesus dava essa honra a Ele, como vemos em Mateus 12.25-27, quando Jesus censurou os fariseus, que depois de vê-lo expulsando demônios, comparam, tal expulsão, ao espírito de belzebu. Jesus disse: “se alguém falar contra o Espírito Santo não lhe será perdoado” (12.32). Ou seja, Jesus não atribuiu o milagre a si próprio, mas ao Espírito Santo. É como se o Espírito desse a honra a Jesus, e Jesus devolvesse a Ele, mostrando que os dois são um só.
Cada pessoa da trindade busca a honra da outra, exaltando-a16. O evangelho de João diz: “Mas o consolador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que eu vos tenho dito […] Pai, chegou a hora. Glorifica teu Filho, para que também o filho te glorifique, assim como lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, para que conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste. Eu te glorifiquei na terra, completando a obra da qual me encarregaste. Agora, pois, glorifica-me, ó Pai, junto de ti mesmo, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse” (Jo 14.26; 17.1-5).
Propósito do Espírito Santo
O Espírito Santo, Jesus e Deus agem com o mesmo propósito, o de evidenciar e glorificar a presença de Deus; e Jesus é Deus e o Espírito Santo também o é. Mas, para entendermos melhor essa questão teríamos que entrar no campo da doutrina da Trindade, porém como já dissemos acima, não é nossa intenção nesse trabalho. Aqui, basta-nos saber que os três são um, trabalhando em conjunto.
Como podemos ver, a ação do Espírito Santo sobre nossas vidas e, porque não dizer, sobre o mundo que vivemos (quando consideramos que Ele é Deus e que está em todos os lugares), é de grande importância. Vimos que desde a fundação do mundo, passando pelos profetas e chegando ao período Neotestamentário, o Espírito Santo já agia, cumprindo assim, os desígnios de Deus. Dissemos no começo desse estudo, que a doutrina do Espírito Santo foi, e é um pouco esquecida por alguns fatores particulares. Além das razões as quais mencionamos aqui, se formos analisar o porquê dessa questão hoje, podemos chegar a conclusão de que é pela forma a qual muitos que dizem estar “cheios do Espírito” estão agindo.
Quando falamos do Espírito Santo, temos que lembrar que Ele é quem convence o homem do pecado, logo, se somos guiados pelo Espírito Santo, nossas obras também devem refletir que Ele verdadeiramente está em nossa vida. Não estamos dizendo, com isso, que rejeitamos o mover sobrenatural dele em nosso meio, pelo contrário, cremos que Ele ainda faz milagres, cura, liberta, redime, se move na igreja, mais acima de tudo, Ele transforma.
Não podemos dizer que temos uma vida cheia do Espírito Santo, só porque falamos em línguas ou porque “caímos de poder”, se nossas vidas não condizem com a realidade da transformação do Espírito Santo. Paulo disse: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: caridade (amor), gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5.19-23).
Cremos no poder do Espírito
Tal como já mencionamos acima, sobre acreditarmos no mover do ES não estamos querendo “rotular” sua atuação. Nós pentecostais, cremos na sua presença sobrenatural na igreja, como o ocorreu no Cenáculo nos dia de Pentecostes, sabemos que Ele atua de varias maneiras. Como disse um dos maiores representante da teologia pentecostal no mundo, homem serio, já com mais de 80 anos de idade, mas lúcido e ainda ferrenho estudioso das Escrituras, o pastor Dr. Stanley Horton: “Mas não podemos programar a maneira de Ele chegar até nós. Toda ocasião no livro de Atos era diferente uma da outra. Às vezes, Ele veio a respeito do que fazemos, o mesmo caso de ‘o vento sopra onde quer’(Jo 3.8). Ele pode vir mansamente, com o mínimo sussurro. Pode vir como o som de um vento impetuoso.
Estejamos dispostos a deixa-lo vir conforme Ele deseja.” (Horton, A Doutrina do Espírito Santo, p.383) Todavia, além de seu agir sobre natural, sua maior obra será sempre nos transformar para que Jesus seja glorificado. O Espírito Santo é quem molda nosso caráter. É Ele quem faz morrer o velho homem. Reconhecermos que somos pecadores e precisamos, diariamente, sermos renovados para não voltarmos às obras da carne. O Espírito Santo, o tempo todo, quer que o nome de Jesus seja exaltado em nossas vidas. Ele não é um promotor de “show” para entretenimento e egocentrismo humano. O Espírito Santo melhora nossas vidas como crentes, como humanos; Ele gera vida em nós e no faz amar o próximo, nos tornando mais parecidos com Jesus.
O Espírito Santo, é quem nos dá força para fazer a vontade de Deus e renunciarmos a nós mesmo pelo amor de Jesus. Essa é a obra dEle, esses são seus frutos. E aqui concordo com Comblin: “A força do Espírito não é para destruir os adversários ou para reduzi-los ao silêncio. Não é força para provocar admiração dos assistentes, como se fosse para fazer demonstração de campeão dos milagres. Essa força não existe para realizar o que o diabo oferece como tentação: fazer milagres espetaculares para conquistar os aplausos da multidão. A força do Espírito é força de vida. Ela produz vida e faz com que nós também possamos produzir vida”.17
O maior propósito do Espírito Santo em nossas vidas é o de glorificar ao nome de Jesus. Como afirmou Hermisten: “O ministério do Espírito Santo só pode ser compreendido e avaliado de modo correto dentro da perspectiva cristocêntrica. Um enfoque sem esta consideração consiste em esquecimento do Espírito por maior que seja o desejo de ‘reabilitá-lo’ à igreja. Quando a Igreja compreende adequadamente quem é Cristo e seu ministério, ela honra o Espírito, porque esse conhecimento só pode ser alcançado por obra de Deus (Mt 11:27;1617), e é o Espírito de Deus quem nos conduz à verdadeira compreensão de Deus”.18
Considerações Finais
Em suma, quando realmente entendemos quem é Cristo, sua obra e sua revelação, então podemos dizer que realmente o Espírito Santo está cumprindo seu propósito em nossas vidas19. E, uma vez que Ele testifica em nosso coração a vontade de Deus em Cristo Jesus, não teremos grandes problemas em viver uma vida agraciada e controlada pelo verdadeiro poder do Espírito Santo – vida está que, nos conduzirá a uma eternidade com Cristo.
O dr. J. Packer, com muita propriedade disse: Que bom que Ele (O Espírito Santo) tenha continuado essa obra! Se Ele tivesse parado de fazer essas coisas, há muito tempo a igreja já teria perecido, pois não haveria mais cristãos para forma-la. A vida cristã em todos os seus aspectos – intelectual e ético, de devoção e relacionamento – é sobrenatural; só o Espírito Santo pode inicia-la e sustenta-la. Assim, sem Ele, além de não existirem crentes vivos, congregações vivas, o fato é que não haverá absolutamente crentes nem congregações. Todavia, o fato é que a igreja continua a viver e a crescer, pois o ministério do Espírito não cessou, nem jamais cessará, com o passar do tempo.*
Para finalizar, lembremos do que Paulo disse aos gálatas: “Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8). Aleluia!
Que Deus nos ilumine com seu Espírito Santo, para que possamos a cada dia vivermos uma vida em seu propósito.
Sola Gratia,
Josias Silva, 2013
Notas:
_______________________________________________________
1Cf. José Comblin, A vida em busca de Liberdade, p. 163-164
2 Montano preocupava- se com os problemas de formalismo na eclesiástico de sua época, dizia ele que a igreja deveria ter única e exclusivamente o Espírito Santo como liderança e não homens. O montanismo – como ficou conhecido postumamente-, exagerava na questão da doutrina do Espírito com interpretações fanáticas, ao ponto de Montano dizer que a profecia não havia acabado, pois Deus ainda continuava falando através dele, como falava pela vida de Paulo e os outros apóstolos (caso semelhante acontece nos nossos dias, quando a “profecia” é posta acima das Escrituras). A igreja reagiu duramente contra o montanismo no Concílio de Constantinopla em 381 e os declarou como pagãos. A partir daí, pouco se valorizou na História da igreja a pessoa do ES, seus dons e e suas maravilhas, além de sua maior obra, que é convencer o homem do pecado, é claro. Cf. Earle E. Cairns, O cristianismo através dos séculos, p.87
3 Nas primeiras décadas do séc. XX, circulava nos Estados Unidos um movimento nascido do metodismo de John Wesley denominado: holiness ( santidade), com foco exacerbado na santificação. O movimento abriria as portas para o pentecostalismo, com ênfase no ”falar em línguas” como o sinal da “segunda bênção”; movimento este, iniciado na Rua Azuza, Califórnia, em 1905, tendo seu maior responsável o ex-garçom e pregador negro: Willians Seymour. Cf. João Décio Passos (org), Movimento do Espírito: Matrizes, afinidades e territórios pentecostais, p. 32 e Alderi Souza de Matos, O Movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do Centenário . FIDES REFORMATA XI, Nº 2 (2006): p.31. As igrejas históricas depois da Reforma (Presbiteriana, Anglicana, Metodista e Batista), não veem esse movimento como autentico do ES, pois creem que o seu agir – de formas de maravilhas, línguas, curas, entre outras coisas-, foi apenas na época dos Apóstolos. Eles são chamados de “Cessacionistas”, ou seja, acreditam que cessou essas formas de maravilhas na época dos Apóstolos. Nós, pentecostais, cremos na sua atuação de dons de maravilhas ainda hoje, como nos dias dos Apóstolos “E esse sinais seguiram os que creem…”
4 Cf. Elienal Cabral, Movimento Pentecostal, As doutrinas da nossa fé, p. 5
5 Cf. John Davis, Novo dicionário da Bíblia, p. 427
6 Cf. Dr. Denio in: Myer Pearlman, Conhecendo As doutrinas da Bíblia, São Paulo, p.185.
7 Cf. Augustus H. Strong, Teologia Sistemática, Vol 1, p. 568
8 Cf: É interessante salientar que Tertuliano foi o primeiro que usou o termo “Trindade” no séc. III d.C . Desde então, foram dado os primeiros passos a se formular doutrina da Trindade e definirem a pessoalidade do Espírito. Porém ela (a doutrina da trindade) é totalmente fundamentada nas declarações do Novo Testamento; a mesma atravessou as controvérsias doutrinárias da Igreja e tornou-se um dos principais dogma da Teologia Cristã. Ver: Alister E. MacGrath, Teologia Sistemática, histórica e filosófica: Uma introdução à Teologia Cristã, p.375
9 Cf. Elienal Cabral, Movimento Pentecostal, As doutrinas da nossa fé, São Paulo, p. 6
10 Cf: Myer Pearlman, Conhecendo As doutrinas da Bíblia, São Paulo, p. 185
11 Cf. Franklin Ferreira, Teologia Cristã: Uma introdução à sistematização das doutrinas, p. 154
12 Cf. Walter A. Elwell, Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, São Paulo, p.52
13 Cf. Wayne Grudem, Teologia Sistemática, Atual e Exaustiva, São Paulo, p.533-539
14 Cf. idem. p 535 15 Cf. Franklin Ferreira, Teologia Cristã: Uma introdução à sistematização das doutrinas, p. 153
16 Cf. Hermisten Maia, Fundamentos da Teologia Reformada, São Paulo, Mundo Cristão, p. 101. É importante lembrar que Hermisten parte de uma perspectiva Reformada da doutrina do Espírito Santo, ou seja, ele é um dos que não creem na ação do Espírito Santo como os pentecostais creem, como o falar em línguas, profecias, curas milagrosas etc. No entanto, sua visão sobre a obra do Espírito é totalmente relevante e bíblica.
17 Cf. José Comblin, A vida em busca de Liberdade, p. 164 * Cf. J .L Packer, Na dinâmica do Espírito: Uma avaliação das praticas e doutrinas, São Paulo – Vida Nova, 2010, p. 918 Cf. Hermisten Maia, Fundamentos da Teologia Reformada, São Paulo, Mundo Critão, O Espírito Santo, p. 91
19 Cf.idem.
Referências Bibliográficas
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CABRAL, Elienal. Movimento Pentecostal: As doutrinas da nossa fé. São Paulo: CPAD, 2011.
CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos. São Paulo: Vida Nova,
2008 COMBLIN, José. A vida em busca de Liberdade. São Paulo: Paulus, 2007.
DAVIS, John. Novo dicionário da Bíblia, São Paulo: Ed. Hagnos, 2005.
ElWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. São Paulo:
Ed. Vida Nova, 2009. FERREIRA, Franklin. Teologia Cristã: Uma introdução à sistematização das doutrinas. São Paulo: Vida nova, 2011.
MACGRATH, Alister E. Teologia sistemática, histórica e filosófica: Uma introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Shedd, 2005
MAIA, Hermisten. Fundamentos da Teologia Reformada. São Paulo: Mundo Cristão, 2005
_________________. Creo no Pai no Filho e no Espírito Santo, São Paulo Ed. Parakletos, 2002 Cristão, 2007.
MATOS, Alderi Souza de. O Movimento Pentecostal: Reflexões a propósito do Centenário . FIDES REFORMATA XI, Nº 2 (2006).
PACKER, J. L, Na dinâmica do Espírito: Uma avaliação das praticas e doutrinas, São Paulo – Vida Nova, 2010
PASSOS, João Decio (org). Movimento do Espírito: Matrizes, afinidades e territórios pentecostais. São Paulo: Paulinas, 2005
PEARLMAN, Myer. Conhecendo As doutrinas da Bíblia. São Paulo: Ed. Vida, 1970.
STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática. São Paulo: Ed. Hagnos, 2007, Vol 1.
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