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A cruz e o missionário

Ev. Josias Silva



A Cruz, hoje, é quase que universalmente reconhecida como o símbolo do cristianismo, religião que goza de destaque em meio às demais religiões. O cristianismo tornou-se a maior religião do mundo seguida pelo islamismo e o judaísmo. Falar em Cruz na atualidade, logo nos remete aos cristãos. Não obstante, nem sempre foi assim, a Cruz entre os séculos II a.C a IV d.C era símbolo de vergonha nacional. Símbolo de vergonha a família, o nome Cruz, era tido como um palavrão, um escárnio, devendo estar longe até das crianças, de tão terrível e tenebrosa que era a morte de Cruz.

E foi na Cruz que Jesus morreu. Na Cruz que teve sua imerecida, inescrupulosa e indigna sentença, sentença essa que viria abalar o mundo como uma nova religião dos dissidentes judaicos que iria permear toda a História Medieval e Moderna da Civilização Ocidental. Mas, é importante dizer que, Cristo não veio trazer uma nova religião, mas sim as Boas Novas de vida; ou seja, veio dar uma nova chance para o homem que, por sua ascendência adâmica, não pode livrar-se do pecado sozinho. Ele precisa de um Salvador. E esse Salvador é Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo – como disse Pedro.

Falando ainda da Cruz, Lutero, o reformador da Igreja no séc. XVI, falava a cerca da “Teologia da Cruz” em contra posição da “Teologia da Glória“. A Teologia da Glória estava centrada nas vaidades dos homens, riquezas, honras, status, e tudo que o mundo oferece como “gloria”. A Teologia da Cruz, ao contrário, oferecia a volta a Cristo em sua essência, humildade, amor, sofrimento e renúncia de si mesmo, dos pecados e de suas vaidades para seguir o exemplo de Cristo. Lutero de baseava em Paulo para sua teologia “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” (Fl 2:5-8).

Viver segundo a Cruz é a negar-se a si mesmo por amor a Cristo, isto implica em ter que amar os inimigos, perdoar os traidores e sempre pagar o mal com o bem John Stott diz:

“A cruz não somente invoca a nossa adoração (de modo que desfrutamos uma celebração contínua e eucarística), e nos capacita a desenvolver uma autoestima equilibrada (de modo que aprendemos tanto a compreender a nós mesmos como a dar de nós mesmos), mas ela também dirige a nossa conduta em relação com os outros, incluindo-se os nossos inimigos.”

Hoje, tal qual Paulo e Lutero, o missionário, que vive nos valados e nos recônditos do mundo é convidado também a seguir o Cristo da Cruz, sofrendo pelo evangelho, abrindo não de si pelo outro, abrindo mão, às vezes, até do seu conforto por amor às almas. Amor às vidas. Amor ao pecador. O missionário é o agente do Reino de Jesus, propagador da Cruz de Cristo que tem poder para tirar o pecado do mundo, mudar o homem em sua família, na sociedade e no mundo ainda levá-lo para o céu.

O missionário é aquele que sabe levantar as mãos para adorar a Deus, mas também sabe abaixa-las para ajudar o caído e o necessitado, curando suas feridas e libertando-os de toda prisão. O missionário (para usar um clichê que está nas redes sociais) é chamado “para ser serviço e não para ser visto“. O missionário padece por amor ao Senhor, tal como os cristãos dos primeiros séculos da igreja, que tinham prazer no sofrimento, que iam para as arenas morrerem na boca das feras, que morriam pela causa de Jesus, pois imitavam o Cristo da Cruz e não o que este assentado sobre o trono. O missionário é aquele que ama Cruz e dá toda a glória a Cristo, e sua “fama” é a de tornar Jesus conhecido pelo que prega e, acima de tudo, pelo que vive. O missionário, como John Wesley disse, faz o mundo ser o seu púlpito, em suas palavras “O mundo é minha paróquia”.

Todavia, que fique e claro e evidente, que Missões é algo que todos nós, cristãos, devemos estar envolvidos, cada um a sua maneira, enviando, contribuindo, ajudando e indo. O mais interessante é que o “Ide” de Marcos 16:15 está no imperativo em português, mas no original grego é um Presente Contínuo; isto é “Indo” por todo mundo pregando o evangelho. Ou seja, sempre, sem parar, sem cessar, constantemente levando a palavra de Deus ao mundo.

Que o Senhor suscite dentre nós, homens e mulheres que queiram deixar a gloria humana para proclamarem o Evangelho de Cruz que é loucura para o mundo, mas salvação e poder de Deus todos aqueles que creem, como nos diz Paulo o Apóstolo da Cruz. Amém!

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